Ela andava, com os pés descalsos sobre a areia fina e branca. Fingia focar a atenção em alguma concha que manuseava com seus propios pés.
- Então? - perguntava ele calmamente, enquanto permitia que a onda beijasse seus pés suavemente.
- Não sei. - respondeu de forma pronta e sem teatros.
- Simples, não?. - comentou com veemencia. Era possível notar o sárcasmo em sua voz.
Ela não olhara para ele, e não respondera absolutamente nada. Continuava mexendo com a pequena concha até que fragilizada partiu-se em dois.
- Então porque me chamou até aqui?
- Achei que quisesse me dizer algo antes de partir. - aqueles olhos tristes, faziam com que ele sentisse dor em encara-los. Mesmo assim não iria deixar que ela vencesse.
- Pois bem. - revirou os olhos desapontado. - Adeus.
- eu não consigo en... - respirou profundamente e deixou se levar por algumas gaivotas que pousavam no mar para saciar a sede. Fitava-as durante um tempo, como se fingisse pensar. Talvez tentara tomar a voz que parecia ter sumido. - Tudo bem, Adeus.
Ele não se moveu, e tentando manter a calma perguntou em forma de suplica:
- Não vem mesmo se despedir? - um sorriso fraco, desistente, aparecera em seu rosto.
Ela manteve o silêncio. Quando ele ameaçou em se virar, pediu que ele viesse até ela.
Ele obedeceu. Foi até ela e abaixou a cabeça. Logo a menina ergueu-a com uma mão segurando em seu queixo fino, e o olhou fixamente. Esperou um olhar afetivo, e o beijou. Calorosamente, ele retribuiu. Um beijo pacifico, ardoso, mágico.
- o que foi isso enfim? - questionara. Sua face tornou-se um rósea, e possuia um brilho contagiante.
- O que nem eu, e nem você fomos capazes de dizer. - disse sorrindo. Seus olhos estavam umidos e alegres. Refletiam o azul e a serenidade do mar.
Ele apenas assintiu. Novamente ela o fitava. Em seguida, se afastou um pouco.
- Você não vai embora, vai? - por mais que tentasse esconder, parecia aflita.
- Vou estar onde você estiver. - concordou tentando retirar o espaço que ficara entre eles, se aproximando.
- Promete? - perguntou ainda aflita. Por mais que evitasse e tentasse se afastar, seus labios suplicavam que fossem tocados.
Ele sorriu. Dessa vez, era um sorriso meigo, apaixonado. Um sorriso de conquista, talvez tão verdadeiro que ela nunca teria visto antes. Passou-se alguns segundos, e ele a abraçou. Retirou o cabelo que o atrapalhava e sussurrou calmamente: eu não quero ir embora.
- Quero muito acreditar nisso - confessara. E ao mesmo tempo, sentiu seus olhos encherem-se de lagrimas, e tentou esconde-las olhando novamente para as gaivotas.Ele olhou-a com um ar de preocupação. Mas entendera. Enchugou suas lagrimas com sua blusa. E olhou-a nos olhos.
- Não sei porque você acha tão dificil confiar nas pessoas.. - começou, mas ela o interrompeu prontamente.
- é impossivel. - disse entre soluços.
- pois bem. É capaz de confiar em sentimentos então? - perguntou ainda fixo em seus olhos.
- eles não mentem não é? - concordou indecisa.
Um sorriso de esperança brotava de seus labios.
- se confia em sentimenos, espero que possa confiar nos meus. - disse calmamente, dessa vez desfarçando seu coração que ameaçava fugir estatégicamente pela boca.
Ela corou, e o olhou.
- porque não me disse antes? Sofri tanto com seu silêncio - perguntara perplexa, mas irradiava alegria em seu rosto antes palido, que agora ganhava cor.
- porque talvez eu esperava isso de você. - sorrira, e podia perceber que corava. - Eu te amo.
- E eu sempre te amei.
Ele então selou seus lábios que pediam que fossem tocados por sua magia encantadora.
- Então talvez não tenha sido um tempo perdido. - sorriu, e envoltou-a em seus braços, enquanto soltava um suspiro de alívio.